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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Do fundo do Baú 2 - a missão!

Aí estão mais duas críticas antigas que fiz, galera. Dessa vez atacamos de comédias: "Os Normais 2 - A noite mais louca de todas" é o representante tupiniquim da vez, acompanhado do hollywoodiano "Se beber, não case".


Crítica "Se beber, não case"
É um filme engraçado. Definitivamente. Mas as risadas vêm das situações mais bizarras e incríveis (im) possíveis. Bem, vamos começar pela história. Doug (Justin Bartha) vai se casar e decide ir com seus amigos Stu (Ed Helms) e Phil (Bradley Cooper) e o irmão de sua noiva, o louco Alan (Zach Galifianakis) para Las Vegas fazer uma despedida de solteiro. Acontece que os três amigos do noivo acordam no dia seguinte sem a menor idéia do que ocorreu na noite passada e, pior, não sabem nem onde Doug está.

O filme é uma divertida brincadeira de “caça ao tesouro” onde o espectador acompanha junto com os personagens a reconstituição da noite anterior através de pistas. A boa sacada do diretor Todd Phillips (de “Dias Incríveis) é dar algumas pistas falsas e sem grande importância para a história, que ajudam a manter a incerteza sobre onde está o noivo.

Não é um filme com grandes inovações técnicas. Por outro lado, o diretor faz referências a outros estilos de filme o tempo todo como, por exemplo, uma “troca” no meio do deserto, um jogo de cartas em uma cena onde tudo ao redor de um personagem apenas começa a correr menos ele, e até uma cena com alguns números flutuando sobre a cabeça de Alan que me lembrou, se não me engano, “Uma mente brilhante”.

É divertido ver o começo do filme que traz toda uma ambientação de uma comédia romântica envolvendo casamento, até que entrega a trama já aos dois minutos de rolo, quando se descobre que os amigos perderam o noivo e toda a ambientação muda. Aliás, é nessa parte enquanto aparecem os créditos iniciais que mostram vários takes de uma Vegas de dia, não muito atrativa, que contrapõe diretamente com a noite em que os amigos chegam à cidade, que aparenta ser o lugar mais divertido do mundo (bem diferente daquela mostrada anteriormente).

O filme traz muitas menções a cultura pop (de Godzilla à Jonas Brothers) e fatos do nosso mundo (do cometa Haley ao 11 de setembro), o que talvez seja uma tentativa do roteirista de trazer aquela situação que é absurda para a nossa realidade. O diretor também faz isso ao colocar várias músicas bem conhecidas do público, desde “Who let the dogs out”, passando por “Fever” (de Elvis Presley), e indo até a atual “Live Your Life” da cantora Rihanna.

Os personagens são bem definidos, apesar de não serem muito desenvolvidos durante a película. Doug é o amigão. Stu é o certinho. Phil é o fanfarrão. Alan é simplesmente o louco. E enquanto a produção não dá muito espaço ao noivo, consegue desenvolver Stu da maneira mais previsível possível e se confunde um pouco em Phil, que é professor, pai de família, mas consegue se mostrar irresponsável várias vezes. Já com Alan, o filme acerta desde as falas ao ator escolhido. O irmão doido da noiva é dono das melhores frases do filme, que muitas vezes são engraçadas por não fazerem sentido algum, e rouba a cena a todo instante, mesmo que o roteiro ainda tente usá-lo de alívio cômico por ser gordo.

Tirando graça de situações bizarras, sexo e pancadaria, “Se beber, não case!” pode não ser um filme com muito conteúdo e chegando a ser estúpido às vezes (principalmente quando tem que recorrer a tombos para tentar arrancar alguma risada do público), mas é um bom entretenimento pra quem quer ir ao cinema apenas pra rir.


Crítica "Os Normais 2 - A noite mais maluca de todas"
Filmes derivados de seriado têm uma mania irritante e muitas vezes inevitável de parecerem um episódio bem maior da série que os deram origem. Para isso, os roteiristas desse tipo de produção sempre tentam criar uma história diferente daquela mesma linha que se segue no seriado. O primeiro filme dos normais cumpriu essa tarefa muito bem. Enquanto a série mostra a vida dos noivos Rui (Luís Fernando Guimarães) e Vani (Fernanda Torres), o filme mostra como ambos se conheceram em uma trama louca de casamentos. Já o segundo filme, “Os Normais – A Noite Mais Maluca de Todas”, quase fracassa nesse quesito. Sim, “quase”! Isso porque o final do filme salva o roteiro, “justificando” o porquê da existência dessa produção. Claro que não vou contar o final, mas digamos que deram um desfecho à história de Rui e Vani.

O enredo segue o casal em busca de alguém que os ajude a esquentar a relação, fazendo um ménage à trois. A cena de abertura com Rui e Vani cantando a versão espanhol de “Vive La Vida Loca” já nos fornece boas risadas com a desafinação de ambos e as dancinhas atrapalhadas e caricatas.

Logo depois do título estamos frente a um episódio como outro de “Os Normais”, fator que ainda é reforçado pela presença das mesmas músicas que tocam no seriado. Mas talvez o diretor José Alvaranga Jr. (do primeiro filme e do recente e ótimo “Divã”) tenha o feito de propósito para relembrar, afinal, já faz anos que não vemos o casal na TV. Ele também arrisca alguns planos-sequências em que a câmera entra no carro por um vidro (traseiro ou dianteiro), percorre o carro e sai por outro vidro. Aliás, ele vem seguindo uma tendência muito usada pela maioria dos cineastas ultimamente para “mostrar serviço”, quando faz esses planos, que já estão se tornando clichê. Alvarenga parece inquieto com sua câmera durante todo o filme, fazendo vários travellings (mover a câmera de cima pra baixo ou de um lado por outro com ajuda de aparelhos), alguns até desnecessários.

Assim como no seriado, as piadas vêm das maluquices do casal, sempre envolvendo sexo, e aqui há espaço para referências ao filme original, além de usarem a ambiguidade de palavras (interpretando-as sempre com malícia), principalmente em uma sequência hilária onde tentam conversar com uma francesa. Vale muito a pena destacar a eficácia da divertida cena da banheira, onde a câmera foca diferentes partes de espuma enquanto as personagens que estão ali escondidas falam.

A grande surpresa do filme é mesmo o final, onde temos uma experiência totalmente diferente do que se espera de um filme desses, com um certo drama em tom documental um tanto quanto díspar do resto do filme, apenas servindo a seu propósito de gancho para o desfecho.

No mais, “Os Normais 2” é um filme engraçado que funciona muito bem para os fãs mais nostálgicos das série e que, repito, fecha o arco de histórias de Rui e Vani.

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