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sábado, 22 de maio de 2010

Casablanca!

Sempre bom assistir "Casablanca" novamente! Enfim, aí vai a crítica e a matéria que fiz para a revista FRAME, da Má Burity!

Crítica

Definitivamente, um clássico.
Assistir a filmes em preto-e-branco é sempre uma experiência nova e enriquecedora. Poucas pessoas param e pensam que as luzes e os figurinos foram todos montados visando o que ficava melhor na tela monocromática. Mas esse é um pensamento de uma geração que cresceu vendo filmes coloridos, por isso a “novidade” da experiência em preto-e-branco. No clássico Casablanca, além de toda a estética montada cuidadosamente, encontramos uma história extremamente bem amarrada e consistente. O diretor Michel Curtiz desenvolveu de maneira magnífica o roteiro escrito a oito mãos, baseado em na peça Everybody Comes to Rick’s. Além disso, frases e diálogos memoráveis dão força às personalidades bem definidas dos protagonistas, Rick e Ilsa, brilhantemente interpretados por Humphrey Bogart e Ingrid Bergman. Curtiz abusa dos movimentos de câmera aproximando e afastando durante a ação, conseguindo conduzir a atenção do espectador para que esse acompanhe os rápidos diálogos distribuídos por toda a película, além de enquadramentos muito bem colocados que dão ainda mais beleza à trama e conseguem seu propósito, geralmente de mistério. Vale ressaltar a trilha de Max Steiner com arranjos derivados do hino francês e, é claro, As Time Goes By.

Matéria

Nós sempre teremos Casablanca

Casablanca foi inspirado em uma peça não aceita pela Broadway. Na história de Everybody Comes to Rick’s, os ex-amantes Rick e Ilsa se separam em Paris e voltam a se encontrar em Casablanca, rodeados pela tensão da Segunda Grande Guerra e impedidos de ficarem juntos devido a demais fatores. Ganhador de três Oscars (melhor filme, melhor diretor e melhor roteiro), concorreu ainda nas categorias: música original, ator principal, ator coadjuvante, fotografia e edição. “Um beijo pode ser apenas um beijo, (...) mas ‘Casablanca’ permanece firme no coração das massas e dos gourmets cinematográficos como uma experiência amorosa inesquecível” comenta o crítico brasileiro Sérgio Augusto, em entrevista à Folha de São Paulo.

Mas nem tudo são flores. Houve diversos problemas durante a produção do filme, mas esses acabaram por ajudar Casablanca a se tornar o sucesso que é hoje. Primeiramente o fato de o roteiro nem estar terminado quando as filmagens começaram. A atriz Ingrid Bergman relata em suas memórias que, ao perguntar ao diretor Michael Curtiz por quem Ilsa estava apaixonada, o diretor apenas dizia: “Ainda não sei, enquanto isso... represente”, e essa ordem fez com que a atriz se entregasse em cada cena, seja com Rick, seja com o outro integrante desse triângulo amoroso. Em outra confusão, o premiado compositor Max Steiner queria trocar a música As Time Goes By, vinda de um show da Broadway, por uma canção original de sua autoria, mas não foi possível porque Ingrid Bergman havia cortado seu cabelo para outro trabalho, e a equipe não conseguiu uma peruca que ficasse bem na atriz para que fossem rodadas novamente as cenas em que a música estava inserida, impossibilitando assim a troca. Sorte do produtor Hal B. Wallis, pois a música ficou marcada no filme e se tornou um grande sucesso nas emissoras de rádio americanas, promovendo ainda mais a película. “Tudo é falso nessa história. Os vistos de saída nunca existiram. (...) Não sabíamos nada a respeito do que acontecia lá realmente e, aliás, não estávamos nem aí” comentou um dos roteiristas do filme, Julius Epstein, em entrevista ao programa Cinéma-Cinémas, em 1988.

Apesar disso, suas temáticas de patriotismo, romance e liberdade fizeram com que se tornasse um clássico instantâneo, que vive até hoje.

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