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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Crítica: 'Rio'

Vamos divulgar o Rio de Janeiro! É impossível pensar que a frase anterior não passou pelas mentes dos realizadores da animação “Rio”. No entanto, ainda vale lembrar que são as mesmas mentes por trás da ótima trilogia “A Era do Gelo”.

“Rio” traz a história da arara azul brasileira Blu que, retirada de seu habitat natural ainda filhote, acaba indo parar nos Estados Unidos e descobre ser uma espécie em extinção. Agora, Blu e sua dona, a americana Linda, precisam ir até o Rio de Janeiro para que a ave se encontre com a última fêmea de sua espécie, a arara Jade.

O filme começa com a história um tanto apressada, mostrando como Blu foi parar no país norte-americano, passando por algumas situações incluindo a vinda para o Brasil, e chegando finalmente no desenrolar propriamente dito do filme, quando ele se vê “solto” no Rio, mas acorrentado à fêmea de sua espécie. Aliás, o excesso de subtramas prejudica o roteiro que desenvolve muito pouco cada uma delas.

Assim como em “A Era do Gelo”, a história concentra um grupo, com personagens engraçadas de características diferentes e bem definidas. O tucano Fernando é a personificação do típico malandro carioca. Blu é perfeito em seus tiques e movimentos rápidos de pescoço iguais a de uma arara real, refletindo inclusive em sua personalidade. Até a dublagem que assisti se mostrou eficaz ao lembrar muito com os sons emitidos por uma arara durante a fala de Blu. Porém, apesar de cativantes, os personagens não são bem aproveitados pelo enredo. Há ainda um grupo de saguis que roubam turistas numa tentativa descarada de se tornarem os pinguins de Madagascar.

A qualidade da animação é fantástica. A reprodução física fiel do Rio de Janeiro impressiona, fazendo com que o espectador, às vezes, duvide de que está assistindo a uma animação. E o diretor carioca Carlos Saldanha aproveita bem o 3D, utilizando bastantes objetos em perspectiva e principalmente planos de vôo (algo que funciona muito bem para a sensação de terceira dimensão). Mas ainda peca ao “jogar” objetos e personagens na tela, como se estes fosse sair em direção ao espectador.

Outro ponto forte do filme são as cores vivas e fortes sempre. Além disso, há uma repetição incessante do verde-amarelo, seja nas cores da bandeira brasileira mostrada ao fundo da cena, seja nas cores de objetos e até mesmo personagens. Fora os números musicais coloridos e muito bonitos, remetendo a Carmem Miranda algumas vezes, mas introduzidos de maneira forçada na história. As músicas do filme vêm sempre embaladas por alguma batida de samba ao fundo.

No entanto, “Rio” é claramente uma propaganda escancarada da Cidade Maravilhosa, e Saldanha acaba por cair em alguns estereótipos que não precisavam ser reforçados para os americanos. A história se passa exatamente na semana do carnaval, e em certo momento, todos param para assistir a um jogo de futebol (poxa, mas era Brasil contra Argentina!). Samba então, nem se fala! Até a arara Jade samba a certa altura do filme. Fernando, por exemplo, é um garoto negro abandonado, morador de favela, veste uma camisa 10 da seleção brasileira e rouba aves para ganhar um dinheiro do tráfico (de aves). Você realmente acha que não é um estereótipo? E para reforçar a propaganda, as panorâmicas do Rio de Janeiro se demoram em mostrar as belas paisagens e os principais pontos turísticos da cidade.

“Rio” mantém o foco mais no Rio de Janeiro do que em seus personagens, mas ainda consegue ser uma animação divertida e descontraída, ótima para se curtir em família.

2 comentários:

  1. Ainda nao vi o filme, porem ja era de esperar um cliche desses. Diretor teve boas intencoes em exaltar o Brasil - Rio, mas deveria ter feito de maneira "subliminar" somente afetando o sub consciente do expectador. Ao inves de ulitilizar figuras ja esperadas como carmen miranda, ele deveria ter inovado a maneira como o mundo ver o Brasil e apresentar outras partes da cultura ainda desconhecida para muitos estrageiros. A animacao e qualidade anatomica de animacao seria de nivel superior, sabendo que a produtora eh 20th Cent. - notando que nao se trata do estudio mais atual 21st Cent (Twenty First Century Fox).
    Porem as cores ficaram menos diversicada o nivel de HDR ficou menos abrangente, dando a ideia que o filme roda a 32 bits de color. Mais acima de tudo, apesar de nao ser um producao qualidade PIXAR Rio promete o cumprido.

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  2. Otimas cores,efeitos e caracteristicas dos personagens,roteiro bem leve e descontraido.Porem fica muito explicito a verdadeira intenção dos idealizadores,que é a divulgaçao da cidade.

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