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terça-feira, 8 de junho de 2010

Em Paris



Segunda matéria para a FRAME:

Crítica
A sutil tristeza de Paris
Filmes franceses são ousados, diferentes e belos. Sempre belos. Afinal , o que mais se pode esperar de produções que tem a cidade mais romântica do mundo como pano de fundo? Apesar de uma temática pesada de conflitos familiares, Em Paris não se deixa entregar à melancolia, e retrata com sensibilidade o relacionamento dos irmãos em uma fase difícil de depressão de um deles. O diretor e roteirista Christophe Honoré ousa ao colocar nus frontais que, embora pudesse haver outra maneira de demonstrar isso, ajudam na definição da personalidade de Jonathan, interpretado por um Louis Garrel um tanto quanto caricato, que se apresenta como narrador da história e se dá o direito de interrompê-la, recontá-la e até interagir diretamente com o espectador. Reforçam essa metalinguística os cortes de quadros sem preocupação em continuidade do diretor e algumas narrações em off (fator esse que, apesar de divertido, atrapalha um pouco por lembrar ao espectador que ele está no cinema e tirá-lo da imersão por alguns minutos). A cidade está sempre de fundo e tem boa parte mostrada no filme e a trilha sonora composta majoritariamente por um piano acompanhado de sax e violão de vez em quando, dá o toque final de uma obra parisiense de primeira.



Matéria
O atual Nouvelle Vague
Um filme de relacionamentos. Esse é Dans Paris, ou como foi traduzido ao vir em festivais para o Brasil, Em Paris. A história lançada em 2006 na França e 2007 no Brasil traz Paul, interpretado por Romain Duris, que ao entrar em depressão depois de finalizar um relacionamento, volta a morar com o pai e o irmão, Jonathan, vivido por Louis Garrel, um jovem bon vivant. O filme se concentra na relação dos dois irmãos, mas mostra outros vários conflitos familiares, entre pais separados porque a mãe fugiu com outro e uma irmã que morreu aos 17 anos de idade. Tudo isso, apesar dos temas pesados, sem melancolia no produto final. O diretor Christophe Honoré, fã assumido do Nouvelle Vague, traz para sua obra mais uma pitada da vertente do cinema francês.
É o terceiro longa do diretor francês, no qual ele pega emprestado alguns cortes e monólogos de François Truffaut e Godard, mostrando ainda mais evidentemente sua paixão pelo Nouvelle Vague. Honoré gostou tanto do trabalho de Louis Garrel quando fizeram a produção Ma Mère (sem tradução oficial para o Brasil), que o convidou para participar desse e de mais três filmes até então: As Canções de Amor, A Bela Junie, e Não Minha Filha, Você Não Irá Dançar. Com Romain Duris, o diretor havia trabalhado também em 17 fois Cécile Cassard (também sem tradução oficial. “Meu primeiro desejo foi filmar novamente com esses dois atores que já tinham atuado em meus filmes anteriores. E oferecer a eles papéis que permitissem uma abordagem nova”, comentou Honoré em entrevista à Folha de S. Paulo. “Ao longo dos filmes, vou percebendo que, para mim, a família é o verdadeiro lugar de minhas histórias. E o que me interessa é observar como os sentimentos circulam dentro da família”, ele completa.
Filho do cineasta Philippe Garrel (diretor de “A Fronteira...” e “Amantes Constantes”), Louis trabalha bastante com o pai, além de Honoré. Também entrevistado pela Folha, o jovem ator comenta como é trabalhar com os diretores. “Acho meu pai um gênio. Ele acessa o cinema a um só tempo como pintor e poeta. É muito emocionante, belo e inspirador ver um poeta pintor que faz filmes. Já Christophe Honoré é impulsionado pela literatura”, comenta Garrel.
Nada como uma sessão de cinema francês atual com um toque de Nouvelle Vague. É a França ganhando o mundo com um cinema muito bem apresentável.

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