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quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Crítica: 'Círculo de Fogo'

Um filme completo. Não há nada o que colocar ou tirar de "Círculo de Fogo". É um filme divertido, emocionante e bem amarrado. E o melhor: tudo isso com robôs e monstros gigantes lutando de maneira tão espetacular que nem Zordon teria imaginado lá no longínquo primeiro episódio de Power Rangers!

A trama acompanha o surgimento de criaturas gigantescas do fundo do oceano, que são chamadas Kaiju, e tocam o terror em cidades do mundo inteiro. Para que os humanos possam se defender, são criados os Jaegers, robôs também gigantes feitos para enfrentar estes monstros.

Guilhermo Del Toro sabe como escrever um roteiro muito bem. Já havia provado isso com os filmes da série "Hellboy" e com o ótimo "O Labirinto do Fauno". Sua consagração vem com este inesperado e surpreendente "Círculo de Fogo", que também assina como diretor. A premissa inicial não conquistava nenhum crítico pseudointelectual: monstros contra robôs gigantes. Mas por trás do que parecia mais uma desculpa para investir em efeitos especiais ao estilo Michael Bay e seus Transformers, a maioria se surpreendeu com uma história que consegue ser intrigante, prender a atenção, ter toda sua lógica para aquele universo, claro, e sequer usar a batalha gigantesca como plano de fundo, mas como parte importante e totalmente integrada à história. Os tais monstros aqui são de dar inveja a muito Godzilla, sendo ao mesmo tempo uma homenagem ao lagartão.

Uma das melhores invenções de Del Toro para a história é a conexão de mentes entre os comandantes do Jaeger, o que ajuda a desenvolver e compreender personagens de maneira muito mais rápida, fugindo dos clichês hollywoodianos e deixando a trama mais ágil, sem perder a profundidade. Todos os personagens tem seus motivos para estarem na trama e todos têm seu desenvolvimento (alguns mais, outros menos, claro).

A iluminação dá o tom certo e lembra bastante as cores e efeitos de "Hellboy", uma vez que o diretor de fotografia Guillermo Navarro continua aqui a parceria com Del Toro. O uso de muitos ângulos baixos, principalmente nas batalhas que ocorrem em cidades, levam o espectador direto para dentro do filme, observando tudo como se estivesse ali na cena, e mostra a grandiosidade e a escala abismal dos combatentes.

Um filme que prova que é possível criar algo divertido, bem feito e fascinante ao mesmo tempo, unindo sua paixão com uma boa história (o diretor é fascinado por monstros, como você bem pode observar por sua filmografia). Fica a lição e o exemplo pra muitos diretores carnavalescos por aí. ;-)

segunda-feira, 17 de junho de 2013

#VemPraRua

Confesso que sempre evitei me expor demais em redes sociais, mas não posso deixar de soltar este grito de felicidade e ansiedade que instaurou-se em mim hoje. Confesso que eu não acreditava mais no Brasil, um país que nunca ouviu seu povo, um país onde Collor vive tranquilo, onde Maluf (um procurado pela polícia internacional) anda sem preocupações pelas ruas e ocupa um cargo no governo, onde uma pessoa cheia de preconceitos comanda a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, um país que se diz laico e é infinitamente influenciado e regido por várias religiões, um país de obras superfaturadas onde os políticos roubam descaradamente e as pessoas não fazem nada... E o que eu via eram alguns grupos se movimentando para tomar atitudes que, no final, de nada adiantavam, pois o governo está pouco se importando para a voz dos brasileiros. Não acreditava no Brasil, por vivermos em um país onde cada um só pensa em si próprio. Quando os movimentos começaram nas ruas, cheguei a comentar com um amigo: "isso tudo não vai virar nada! Os governantes não se importam se o povo está na rua, porque isso não os atinge!" e agora dou uma de Arnaldo Jabor, dizendo que eu estava errado.

A força do movimento unificado em todo o nosso país me encheu os olhos e me provou que o brasileiro tem muita voz sim, e está se fazendo ser ouvido. Não são 20 centavos, são princípios. Como disse hoje a este mesmo amigo, pela primeira vez em meus 20 e tantos anos, eu estou vendo a mídia recuar em algumas coberturas sensacionalistas e manipuladoras, estou vendo policiais se contestando, e o governo começando a temer o povo. E isso tudo é lindo. É a verdadeira democracia (do grego, "demo" é "povo" e "cracia", "governo", ou seja, governo do povo). Estou feliz em poder fazer parte deste capítulo importante da história de nosso país. E por isso vou às ruas também no ato dia 20, aqui em Ribeirão Preto! E se você não pode sair para apoiar o movimento, compartilhe imagens, discuta com os amigos, fale sobre! As mídias sociais são ferramentas imprescindíveis para o sucesso das manifestações. É por meio delas que conseguiremos avisar a todos os brasileiros e ao resto do mundo que o nosso gigante finalmente despertou!


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Crítica: 'Os Miseráveis'

Se você não gosta de musicais, talvez “Os Miseráveis” não lhe agrade logo de cara, mas basta a acompanhar a trama e as atuações para saber que valeu a pena o dinheiro gasto no ingresso.

Na história adaptada de um musical da Broadway, que por sua vez foi inspirado na clássica obra do escritor Victor Hugo, o pano de fundo é a Revolução Francesa do século XIX. Jean Valjean (Hugh Jackman) rouba um pão para alimentar a irmã mais nova e acaba sendo preso por isso. Solto tempos depois, ele quebra a condicional e é perseguido pelo inspetor Javert (Russell Crowe), mas tentará recomeçar sua vida e se redimir. É quando ele encontra Fantine (Anne Hathaway), que está muito doente e preocupada com sua filha, Cosette (mais tarde, interpretada por Amanda Seyfried). E o desenvolver vocês ficam sabendo quando assistirem, não quero estragar nenhuma surpresa!

Além das belas canções, as atuações são, definitivamente, o forte do filme. O oscarizado diretor Tom Hooper (de “O Discurso do Rei") consegue arrancar lágrimas, suor e os tons mais altos de seus atores através de longos planos durante várias canções.

Jackman está fantástico, em uma atuação simplesmente completa. Crowe é o malvado em sua caçada implacável, e se sai muito bem no papel também. Eddie Redmayne (que interpreta Marius), Samantha Barks (que faz Eponine) e Seyfried não têm muito tempo de tela (elas, menos ainda) e dão uma atuação satisfatória, com Banks se sobressaindo em relação aos outros dois. O alívio cômico fica por parte do impagável casal de trambiqueiros que Helena Bonham Carter e Sacha Baron Cohen (ele mesmo, o Borat) dão vida. Muito bons também. Mas os aplausos em pé vão para a belíssima e super talentosa Anne Hathaway, que também não passa tanto tempo em cena, mas consegue arrancar lágrimas com sua personagem. Ela está simplesmente fantástica, digna de premiações.

O roteiro acaba deixando algumas dúvidas, principalmente durante as duas passagens de tempo presentes, mas nada que atrapalhe muito a trama principal, que gira em torno do personagem de Jackman. Um dos fatores que me fazem gostar muito de musicais são as apresentações de personagens. De certa forma, este estilo consegue introduzir e, muitas vezes, explicar a complexidade de cada personagem durante o que chamo de "música de apresentação". É aquela canção solo, na qual cada ator explica as frustrações, angústias e anseios de seu personagem. "Os Miseráveis" contém várias ótimas "músicas de apresentação".

Hooper entrega um belo filme visualmente falando, também. Os figurinos de época de Paco Delgado estão impecáveis e a fotografia de Danny Cohen conversa com a trama naturalmente.

Um ótimo filme, que provavelmente será injustiçado no Oscar, devido aos grandiosos concorrentes, mas que deve ter lá seu pequeno reconhecimento na atuação de Hathaway. E vale à pena.
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