“
Mulher-Maravilha” é o quarto filme do
universo cinematográfico da DC no cinema, seguido de “
Homem de Aço”, “
Batman vs. Superman: a origem da justiça” e “
Esquadrão Suicida”, e é o primeiro que realmente faz a nova linha temporal construída pelo selo por trás da
Liga da Justiça decolar de vez.
Na história,
Diana (
Gal Gadot, de “Batman vs. Superman”) cresceu aprendendo a batalhar na ilha secreta de
Themyscira, onde as amazonas vivem longe da humanidade. Quando o piloto militar
Steve Trevor (
Chris Pine, de “
Star Trek”) acidentalmente cai na ilha, a futura Mulher-Maravilha tem conhecimento sobre uma tal
guerra mundial, e resolve partir junto com o soldado para lutar no campo de batalha.
O roteiro assinado por
Allan Heinberg (que escreveu para as séries “
The Catch” e “
Grey's Anatomy”) a partir do argumento criado por
Jason Fuchs e
Zack Snyder (diretor de “Batman vs. Superman”) tem uma
história bem definida, trazendo todos os famosos itens da Mulher-Maravilha, entre o
laço da verdade, os
braceletes, a
espada e o escudo, de maneira condizente com aquele universo e com
finalidades bem definidas.
O espectador acompanha a história junto a Diana, sendo impossível não se envolver com a
pureza da heroína diante daquele “mundo dos homens”. A diretora
Patty Jenkins (do excelente “
Monster – Desejo Assassino”) trabalha junto com o roteiro um tema forte como a
igualdade de gênero, sem a necessidade de argumentos feministas, uma vez que Diana é uma mulher que nasceu e cresceu em uma sociedade só de mulheres e, para ela,
simplesmente não há motivos para ser submissa ou não ter os mesmos direitos que os homens (e há?). O debate pelos direitos iguais surge naturalmente por meio da ingenuidade da personagem. É claro que a personalidade da protagonista colabora para o seu posicionamento diante das situações. Já na ilha de Themyscira,
Diana enfrentava decisões de sua mãe, maior autoridade do local, e na Inglaterra torna a contestar ordens de generais superiores a Steve Trevor.
É essa ingenuidade da personagem, aliás, que contribui também para que este seja
o filme com o tom mais leve e descontraído do universo DC até então, sem que o humor surja de maneira forçada.
Gadot está bem à vontade no papel da personagem, sendo essa a segunda vez que a interpreta, trazendo carisma, paixão e conquistando o espectador com o forte caráter da Mulher-Maravilha. Pine faz um
ótimo trabalho como Steve Trevor e sua química com Gadot funciona na tela. Os demais integrantes do grupo que segue na aventura junto com Diana e Steve (formado pelos atores
Saïd Taghmaoui como Sameer,
Ewen Bremner como Charlie e
Eugene Brave Rock como The Chief) são engraçados e servem ao seu propósito, mas nunca chegam a ser realmente desenvolvidos. As amazonas, em especial
Connie Nielsen como a rainha Hippolyta e
Robin Wright como Antíope, acabam tendo pouco tempo de tela, mas
dominam as cenas em que aparecem.
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Robin Wright lidera as amazonas em batalha como Antíope. |
Aliás, o
estilo de luta das amazonas é único, bem desenvolvido e muito bonito de se assistir. No entanto, apesar das câmeras lentas durante várias das cenas de batalha ajudarem a demonstrar detalhadamente os belos movimentos de luta que talvez passassem despercebidos a olho nu, o
recurso é usado de forma exaustiva e chega a incomodar um pouco a certa altura.
Outro método utilizado por Jenkins para demonstrar a incrível rapidez de Diana são os cortes com a personagem em diferentes lugares, repentinamente, de uma cena para a sua conseguinte. O
conceito é interessante, mas fica estranho aos olhos do espectador durante a projeção, assemelhando-se mais a um erro de montagem do que a um recurso do filme propriamente.
As
sequências no campo de batalha são muito bem realizadas e conseguem demonstrar ao público várias das habilidades da Mulher-Maravilha, que por sua vez revela todo o seu potencial na batalha final da produção, quando a personagem finalmente descobre quem é e
mostra sua evolução durante a história.
Tudo isso ainda ganha uma belíssima moldura por meio da maravilhosa (desculpe o trocadilho) fotografia de
Matthew Jensen (do ótimo “
Poder sem limites"), principalmente na ilha de Themyscira, que se torna um verdadeiro paraíso, e da
trilha sonora, aqui assinada por Rupert Gregson-Williams (do oscarizado “
Até o último homem”), mas que
tem seu auge ao som do tema da personagem, criado por Junkie XL e Hans Zimmer para “Batman vs. Superman”. Ponto positivo também para
Lindy Hemming, responsável pela
ótima reconstrução do figurino de época da Europa da década de 1910, e a criação do figurino das amazonas, que remete à Grécia antiga e as caracterizam como guerreiras que são.
“Mulher-Maravilha” é um ótimo filme que traz mais esperança ao universo DC que o símbolo no uniforme do Superman. Assim como ela aparece para salvar o dia no filme de confronto dos heróis, sua aventura solo chega para resgatar o estúdio de uma avalanche de críticas negativas.
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Saïd Taghmaoui como Sameer, Chris Pine como Steve Trevor, Gal Gadot como Diana Prince, Eugene Brave Rock como The Chief e Ewen Bremner como Charlie. Pose para a foto que já havíamos visto em "Batman vs. Superman". |
P.S.: Ah sim, e a vilã
Dra. Veneno, infelizmente, acaba sendo
desperdiçada na produção, sem desenvolvimento algum de uma personagem que parecia ser bem interessante.