Em “Guardiões da Galáxia Vol. 3”, o grupo de desajustados
está de volta com Peter Quill (Chris Pratt) tentando superar a perda de Gamora (Zoe
Saldana), após os eventos de “Vingadores: Guerra Infinita”, e uma profunda viagem
ao passado de Rocket (Bradley Cooper). Desta vez, os Guardiões partem em uma
missão para salvar não só a galáxia, mas também a própria equipe.
Como a sinopse já entrega, o filme gira praticamente em
torno do personagem de Bradley Cooper. Conhecemos todo o passado do guaxinim
membro da equipe e sua história de vida não só é desvendada, como todo o
desenvolvimento de Rocket iniciado no primeiro filme tem seu ciclo concluído e
encerrado de uma maneira envolvente e eficiente. Cooper brilha na dublagem ao
lado de Linda Cardellini, que aqui dubla a lontra Lylla (integrante do passado
de Rocket), mas também já atuou no Universo Marvel como a esposa do Gavião
Arqueiro.
Apesar do ótimo desempenho de Cris Pratt, que já está mais que à vontade no papel do Senhor das Estrelas, seu personagem tem menos espaço para evolução, apesar de mais tempo de tela. Ainda assim, Peter Quill consegue registrar um progresso em sua história pessoal durante a projeção. Já os demais personagens cumprem seus papéis no filme enquanto alívios cômicos, suportes e membros da equipe que realmente têm um carinho entre si, mas seus desenvolvimentos são resumidos a poucas frases soltas por entre os 180 minutos de filme, tendo pouquíssimo avanço nesse aspecto. Aliás, o roteiro parece se arrastar por alguns momentos e até se contradizer em relação à premissa do filme, ao seu final, mas não deixa de trazer emoção e passar a união que há entre a equipe.
A tão aguardada participação do Adam Warlock de Will Poulter (de “Midsommar - O Mal Não Espera a Noite”), anunciada na cena pós-créditos de “Guardiões da Galáxia Vol. 2”, fica a desejar. O personagem é um incômodo constante à trama principal, sem um propósito claro para contribuir com a história. A sensação é que não havia lugar para ele na narrativa que James Gun queria contar, mas o roteirista teve que incluir porque foi uma promessa do filme anterior, apagando totalmente o talento do jovem ator que poderia ter contribuído muito mais para a produção. O Alto Evolucionário de Chukwudi Iwuji (da série “Pacificador”) é mais um que entra para a galeria da Marvel de vilões caricatos, excêntricos e esquecíveis deste universo, dando espaço para os Guardiões brilharem.
O tempo de comédia de James Gun funciona muito bem em seus
roteiros, sabendo encaixar as piadas em momentos de descontração, apesar de
este ser o filme mais dramático da trilogia dos Guardiões da Galáxia. A
fotografia de Henry Braham (de “O Esquadrão Suicida”) está bem inspirada e
junto com a equipe de efeitos especiais (que trabalhou arduamente aqui,
entregando cenários e personagens realistas e incríveis), traz cenas de encher
os olhos, que vão do belíssimo ao grotesco. No entanto, são nas sequências de
ação que a dupla Braham e Gun acertam a mão em cheio, com coreografias bem
ensaiadas, algumas com tomadas mais longas e noções de espaço e localização bem
definidos, sempre em sincronia com a música, trazendo um espetáculo visual para
quem está assistindo. Aliás, as músicas para o setlist do filme são mais
lentas, remetendo ao tom em geral, e já não são tão marcantes quanto seus
antecessores, mas cumprem seus papeis da mesma forma como já acostumamos nesta
trilogia, e com uma pitada de nostalgia no final que acalenta o coração.
No mais, “Guardiões da Galáxia Vol 3” é um filme que traz emoção, é uma boa diversão, promete deixar um “quentinho no coração” dos fãs após sair da sala de cinema, mostrando a conclusão da saga da trupe de defensores do universo de maneira satisfatória e o final da participação de James Gun na colaboração com a Marvel, uma vez que o diretor está partindo para o gerenciamento do universo cinematográfico da rival, a DC.